Todas as pesquisas da AtlasIntel divulgadas após as primárias presidenciais mostraram Massa à frente, enquanto todas as outras empresas de pesquisa superestimaram consideravelmente o desempenho de Milei. Enquanto a maioria também indicava um segundo turno entre Massa e Milei, com exceção da AtlasIntel, nenhuma delas tinha Massa liderando fora da margem de erro.

A maioria dos institutos de pesquisa subestimou Massa, mesmo ele estando estruturalmente posicionado para vencer

• Convergência de votos de esquerda: os votos da esquerda convergiram para Massa, ao contrário dos votos da direita que foram fragmentados entre Milei, Bullrich e Schiaretti.
• Mobilização de comparecimento entre os peronistas: aumento de 8pp na participação eleitoral em comparação com as primárias de agosto (de 70% para 78%) foi concentrado entre os eleitores de esquerda que não haviam comparecido na votação anterior devido à baixa aprovação do governo em um contexto de crise econômica. Assim, Massa estava posicionado para melhorar o desempenho de sua coalizão além dos números das PASO. Embora a participação tenha ficado abaixo da média histórica, ela ficou um pouco acima das expectativas da AtlasIntel para o domingo.

A surpresa de Milei nas PASO gerou uma reação em cadeia que foi desastrosa para Bullrich

Enquanto Sergio Massa se beneficiou ao unir todo o espaço de esquerda na corrida (Bregman não era uma candidata competitiva), Bullrich sofreu com uma significativa canibalização de Milei, Schiraretti e até mesmo de Massa, já que muitos eleitores de Larreta buscaram outras opções após uma primária difícil dentro do Juntos por el Cambio. A surpreendente vitória de Milei nas primárias o consolidou como o principal fenômeno da corrida e como o principal antagonista ao Kirchnerismo, mas o mais importante é que negou a Bullrich a grande maioria dos votos da oposição entre os mais jovens. As estimativas da AtlasIntel para a migração de votos de Bullrich e Larreta para os outros candidatos foram precisas, refletindo-se em uma estimativa muito próxima de seu resultado final.

Mesmo que Bullrich tenha perdido alguns de seus eleitores para Milei, outros eleitores mudaram de Milei para Massa e Schiaretti de forma que, no geral, seu resultado foi praticamente idêntico ao registrado no PASO.

Enorme volatilidade entre os jovens eleitores impactou fortemente a corrida

As preferências entre os jovens eleitores mostraram-se voláteis, com importantes mudanças sendo testemunhadas repetidamente durante a corrida. Um exemplo claro foi a ascensão de Juan Schiaretti nas intenções de voto após o 2º debate presidencial, já que sua apaixonada caracterização de sua província natal, Córdoba, gerou uma reação viral nas plataformas de mídia social.

O grande abismo entre as gerações na Argentina é tal que, se as eleições fossem realizadas apenas com eleitores com 30 anos ou mais, é provável que Bullrich teria chegado ao segundo turno e vencido a eleição. Por outro lado, se as eleições fossem realizadas apenas entre os jovens eleitores (até 30 anos), Milei teria sido eleito no primeiro turno com mais de 40% dos votos válidos. A liderança de Massa é explicada por sua força mais uniforme entre os grupos etários, mesmo que ele não estivesse liderando em nenhum grupo.

Uma das dinâmicas-chave para ambas as campanhas no segundo turno será a busca por eleitores menos politizados da geração mais jovem em um contexto em que as taxas de rejeição tanto para Massa quanto para Milei são superiores a 55%.